Fogos, muitos fogos era o que se
via e ouvia as 18:38 de dentro do ônibus Barra /Centro- 072 humilhantemente lotado que
transportava os trabalhadores da Barra dos Coqueiros de volta as suas casas,
Poderíamos nos questionar para se comemorar o que ? A inauguração de micro
praças de 40 mil reais cada uma em média? A inauguração de uma praça que até
hoje não se sabe o valor e foi gentilmente doada por uma construtora? Ou ainda
um posto de saúde e uma academia da cidade que são vizinhos de um precário
centro de triagem de material reciclado que vive da promessa de transferência
ou esconderijo lá no jatobá?
A resposta é: NÃO, não, não! As bandas e o bolo, uma estratégia de
marketing adornada com matérias compradas em jornais e outdoor das gulosas
construtoras que veem sua mina de ouro nessas terras são na para comemorar a “emancipação
politica da Barra dos Coqueiros”! que
em 25 de novembro de 1953 por força da lei estadual N °525-a se tornou um município. Pois bem você
sabe o que emancipação? Nesses momentos onde gato se vende por lebre é sempre
bom pesquisar, e consultando o dicionário Aurélio encontramos que Emancipação é: v.t. Tornar livre de tutela, livre do pátrio poder: emancipar
um menor. / Fig. Libertar, tornar livre: emancipar um povo.
E é a partir daí que nos questionamos comemorar ou nos preocupar?
Certamente nos preocupar com uma cidade que cresce para os ricos a vistos olhos
e para os pobres só cresce nos prazos e nas promessas. Preocupar-nos com mais
de 1000 famílias que vivem em ocupações e áreas de risco, nos preocupar com
mais de 29,3% de áreas de mangabeiras nativas que tem acesso proibido as extrativistas
cada vez mais sem cumprimento de direitos e garantias, nos preocupar com a
redução de marisco e pescados no nosso rio-mar como pode constatar qualquer
pescador ou marisqueira! Preocupar-nos que o rio Sergipe que é aterrado e o
poder público municipal não move um grão de areia para o outro lado! Preocupar-nos
por uma cidade onde a cultura é paga pelas grandes empresas ou vem de fora, uma
cidade onde se mendiga visibilidade para um trabalho emancipador! Preocupar-nos
com uma cidade onde a igreja é mais irmã dos gabinetes que das lutas populares!
Preocupar-nos com uma cidade que cria uma comissão dita de monitoramento
ambiental que só fiscaliza barracos e passa longe das mansões! Preocupar-nos em
uma cidade que ainda acha que o urbano é progresso sem equilibrar o rural! Uma
cidade onde se planeja parque dos manguezais para turista ver e não se conversa
e planeja reservas de uso comum para os povos locais! Uma cidade que gasta meio
milhão de reais por mês com cargos comissionados! Uma administração que é o
segundo lugar em número de secretarias no estado! Uma cidade onde quase todos
os dias escutamos uma noticia na página policial, pois é a terceira colocada
nas cidades mais violentas do estado de Sergipe ficado atrás de Itabaiana e São
Cristóvão, cidades que tem mais do que o dobro de habitantes! Preocupar-nos com
o nosso índice de educação 0,545 considerado baixo nos cálculos de
desenvolvimento humano.
Por isso que revolta! Dá nó na garganta saber que com banana e bolo (de
60 metros) ainda se tenta enganar o povo, que exploda a indignação do nossa
gente! O povo merece respeito e não peças publicitárias. E dia 25 dia que
também se combate a violência a mulher assistimos um espetáculo grotesco com a
amada terra dos índios Capoã e Sariema, a Barra dos guerreiros, em que ainda há
quem tente lutar por uma cidade onde a vida esteja acima lucro.
Sejamos realistas, iludir o povo a vida toda é impossível!