sexta-feira, 28 de junho de 2013

MANIFESTO #ACORDA BARRA

MANIFESTO #ACORDA BARRA
POR QUE NÃO NOS MANTEREMOS DORMINDO?


Estamos vivendo um momento histórico no trajeto das lutas mundiais, milhares de jovens, trabalhadores, homens e mulheres tem ido as ruas no Brasil e no mundo lutar por direitos e contra a precarização da vida por parte dos governantes.

A gota d´água que fez transbordar nossa indignação foram os abusivos preços das tarifas de um transporte público vergonhosamente precário, privatizado e sucateado, um transporte coletivo que impossibilita o direito humano de ir e vir e o acesso a todos os outros direitos.

Em Aracaju o movimento Não Pago fez a denuncia da máfia do setransp, SMTT e prefeitura que trabalham com planilhas fraudadas e superfaturadas, elevando a tarifa da grande Aracaju a uma das mais caras do nordeste. Apesar da revogação do aumento nas grandes capitais mediante os protestos o prefeito João Alves permaneceu com a proposta de aumento, agora de 0,10 centavos, e a população da Barra sofre os reflexos de Aracaju sem que haja nem um posicionamento de executivo e legislativo municipal sobre o abusivo preço das tarifas e transporte totalmente precário.

De modo que a situação da Barra dos Coqueiros ultrapassa as questões do transporte público, pois com o advento da ponte construtor João Alves nossa cidade vem sendo esmagada por um modelo equivocado de “desenvolvimento” que prioriza os grandes projetos como a usina eólica, condomínios de lucho como os Alphavilles e Maikais, enquanto NÃO EXISTEM PROJETOS EFETIVOS de moradia popular, de preservação ambiental, de estruturação dos serviços urbanos, de investimentos na educação e profissionalização.

A especulação imobiliária é geradora de grandes lucros para os empresários, com anuência de um poder público negligente, deixa um rastro de desigualdade e destruição percebido nos manguezais, nas grandes ocupações urbanas e no déficit de empregabilidade associado às precárias condições do ensino público.

Dessa forma compreendemos que só a luta muda a vida, e que a luta por um outro Brasil das ruas, se faz também articulando e apoiando lutas nacionais, compreendendo que o despertar dos Barra Coqueirenses  está ecoando com o Acordar de todos os brasileiros: superar esta sociedade baseada na exploração e na opressão, para alcançar uma realidade em que a vida esteja acima do lucro.


A nossa luta tem como foco principal o combate à especulação imobiliária, em uma cidade onde há terra para mansão falta área para o povão!
Terra para o povo!


REIVINDICAÇÃO CENTRAL
·         Moradia Popular:
-Cessão das áreas da união para a construção de moradia popular.
-Divulgação do local e do prazo pra a construção das 1000 casas anunciadas.
·         Reserva Mangabeira:
-Demarcação de uma área de proteção ambiental, uma reserva agro extrativista, que venha a beneficiar as comunidades tradicionais, catadoras de Mangaba, pescadores, marisqueiras e pequenos agricultores.
·         Área para a coleta seletiva:
-Cessão de área para a realização da triagem e coleta seletiva do CATRE-Cooperativa de agentes no trabalho da reciclagem
·          Educação:
-Estruturação material das escolas públicas
-Ampliação de turmas de ensino médio nas escolas municipais, bem como novas escolas municipais.

SUB-EIXOS
·         Transporte:
-Revogação do aumento da tarifa de ônibus
-Integração do transporte coletivo dos povoados ao centro da cidade de Barra dos Coqueiros e a capital Aracaju.
·         Cultura:
- construção de um centro de arte, cultura e lazer.
·         Saúde:
-Estruturação dos postos nos bairros e povoados, bem como a ampliação do sistema localizado de atendimento.
·          Saneamento e infraestrutura
-Redução da taxa de esgoto já!
·         Mobilidade
-Passe livre na tototó subsidiados pelo município.



ASSINAM ESSE MANIFESTO:
COLETIVO SEJAM REALISTAS, EXIJAM O IMPOSSÍVEL
MOVIMENTO JUVENTUDE ATIVA
GRÊMIO ESTUDANTIL DA ESCOLA PROFESSOR JOSÉ FRANKILIN
GRÊMIO ESTUDANTIL DA ESCOLA DR. CARLOS FIRPO
MOVIMENTO DAS CATADORAS DA MANGABA
COOPERATIVA DE AGENTES NO TRABALHO DA RECICLAGEM-CATRE
MOVIMENTO ORGANIZADO DOS TRABALHADORES URBANOS-MOTU
LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE/SE
MOVIMENTO NÃO PAGO.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA E O FIM DAS MANGABEIRAS










A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA E O FIM DAS MANGABEIRAS



Dia 05 de junho se comemora o dia do meio ambiente, e o que nós barra Coqueirenses temos a comemorar? O coletivo Sejam Realistas Exijam o Impossível convoca a população da nossa cidade para uma profunda reflexão sobre um dos bens mais simbólicos de nossa terra, a mangaba, e o seu povo guardião, as catadoras do fruto. ”A mangaba é uma fruta de notada relevância para o estado de Sergipe, relevância, que levou a instituição da mangabeira como árvore símbolo do estado através do decreto n° 12.723 de janeiro de 1992.”

O que são as mangabeiras da Barra? Catadoras do fruto? São árvores que dão a mangaba nas safras de verão e inverno? Ou seriam elas um passado próximo? Mais do que os óbvios e o indesejado referidos, a mangabeira é o pão, a memoria e a vida de um povo que não vem sendo ouvido. A Barra dos Coqueiros é uma cidade que abriga o rico ecossistema de manguezais e a vegetação de restinga a qual compreende dentre espécies como muricizeiro araçazeiros as nossas mangabeiras.

Olhos D`água, Capuã e Jatobá são os povoados da Barra dos Coqueiros com população de plantas e contingente de catadoras e catadores mais relevantes, povoados que fazem parte da  zona rural cada vez menos verde e consequentemente com menos espaço para as populações tradicionais, em 2007 a zona rural representava 25% da população de Barra dos Coqueiros já em 2010 ela passou a representar 16,4% da população municipal segundo dados do último senso do IBGE. Apesar disso o quantitativo do fruto extraído aumentou de 11 toneladas em 2004 para 22 toneladas em 2009 segundo dados do IBGE 2011, e se mantem crescente devido a valorização dos preços, valorização essa muito em função da escassez. Uma escassez que assusta os extrativistas desses povoados que classificam a cata da mangaba como a suas atividades mais rentáveis seguida da pesca. Um sintoma claro desse problema já se anunciava através de números explícitos na pesquisa feita em 2008 no mapa do extrativismo da mangaba publicado pela EMBRAPA em 2010, apresenta que das áreas onde vegetam a mangabeira 9.190 hectares, 3.270 hectares são extrativistas (genótipos nativos, de modo que não foram convencionalmente plantados e não apresentam estratégias de cultivo agrícola), desse quantitativo 29,13% tem seu acesso proibido por proprietários; nessa mesma época cata de mangaba em áreas não demarcadas era de 35,58%, contudo em uma pesquisa realizada em 2011 como trabalho de conclusão do curso de engenharia agronômica da UFS, foram entrevistadas catadoras e catadores dos três povoados sobre os fatores de complicadores da atividade, e 66% dos entrevistados apontaram a proibição de acesso e a cobrança por balde extraído nas áreas particulares com plantas nativas, pois apenas 12% tem um terreno próprio, porém são em geral as suas habitações e tem área diminuta para a extração de fins comerciais.

Um fato importante a se considerar sobre a mangaba na Barra dos Coqueiros é que a região compreende um dos maiores centros de conservação do genótipo da mangabeira, o 9B, que vai do litoral de Sergipe até o Espírito Santo. E que como definiria o renomado pesquisador das interações homem-natureza, o professor carioca Antônio Carlos Diegues, “as comunidades extrativistas de mangaba figuram-se como um dos atores centrais e são caracterizadas particularmente pela sua relação conservacionista com o ambiente que contribui para a manutenção da diversidade biológica, tanto das espécies como dos ecossistemas”. Sendo assim devemos a essas populações o que ainda existe de mangaba, uma população que segundo as pesquisa da UFS 2011, 84% possui os conhecimentos passados de geração a geração, e apesar da riqueza cultural e ambiental envolvida as catadoras da mangaba não identificam nenhum um investimento efetivo de politicas públicas para a conservação das áreas, uma população cujo 60% recebem menos que um salário mínimo e que 67% escoam o fruto extraído nas vendas em feiras e na estrada.  Nos perguntamos, será que falta incentivo para essa cultura crescer ou devemos assistir pacificamente a derrubada das plantas, das vidas e da cultura que gira em torno da mangaba na Barra, uma derrubada com o argumento de moderno e de urbano?




Nós do coletivo Sejam Realistas Exijam o Impossível acreditamos que não, pois um novo tempo pode ser construído sem destruir o meio ambiente, contudo o município, estado e o governo federal não abriram nenhum canal de dialogo com as comunidades extrativistas da Barra dos Coqueiros diante dos últimos “grandes projetos imobiliários, energéticos e comerciais“ que vem ocupando as áreas nativas dessa população. Temos um passado nebuloso quanto ao que parecia ser a esperança do povo da barra sobre o acesso a mangabeira, o caso do sitio São José do Arrebancado, ou sitio Filizola ocorrido em 2007. Sítio São José do Arrebancado (Sitio Filizola) de aproximadamente 50 hectares, que anteriormente era caracterizado como uma área de uso comum, em decorrência do abandono em que se encontrava, desencadeou um processo reivindicatório pela posse da área por parte da comunidade local organizada, contudo houve êxito, sobre a justificativa de alto valor comercial das terras. Esse ainda é um processo sem desencadeamento claro para a comunidade local. Cabe citar que no encontro estadual das catadoras de mangaba em 2007 o superintendente do INCRA, Luís Carlos Fontenelle declarou ao público que o decreto de desapropriação já havia sido assinado pelo presidente Lula.




É triste constatar, mas o povo e a nossa natureza vale pouco para o poder público, ao passo que a área do antigo polo cloroquímico (área pública) foi entregue de mãos beijadas pelo governo federal e estadual, com anuência do município para a empresa de capital estrangeiro, ENERGEM, que construiu a faraônica usina eólica, sobre a qual nada conhecemos em benefícios, malefícios e custos. Os relatórios de impacto de vizinhança (mecanismo que serve atualmente para a aprovação de empreendimentos na Barra) tem valido muito mais do que as demandas socioambientais, pois a todo o momento são liberados condomínios sem a clareza da aplicabilidade das compensações.

O Coletivo Sejam Realistas Exijam o Impossível apoia a luta das catadoras de mangaba, pescadores, marisqueiras e agricultores na preservação dos ecossistemas de nossa cidade. Não há mais tempo a perder! Um desenvolvimento que concilie a manutenção dos ecossistemas e o incremento produtivo da zona rural é possível basta que os poderes públicos assumam a posição do povo!